domingo, 14 de outubro de 2012

Das iluminações.


[-Iluminações. Era disso que precisava. De pequenas epifanias. Daquelas que o faziam ver por cima de um problema X, uma situação ruim Y. Daquelas que lhe mostravam que talvez não fosse para tanto, que falavam pra não dar razão/vazão à alguma queixa outrora emudecida dentro do peito - não mais. Dessas iluminações que vêm do nada, numa tarde chuvosa em silêncio dentro do carro com amigos e Beirut tocando ao fundo, numa cidade distante com ares de Barroco - melhor dizendo, dessas iluminações que vêm da soma desses fatores acalentadores da alma. Dessas que, quando vinham, deixavam tudo fora de foco, para naquele momento existir somente ele mesmo, sua consciência, e a música que o levava para outro lugar além daquele espaço e tempo, para além daquela perspectiva soturna.]
Pensava ele, com as luzes da consciência em uso, com as luzes de pisca-pisca da vida sempre ligadas, com as luzes da imaginação voltadas para uma moça que dançava numa praça numa época distante, que girava, ou melhor, rodopiava, sem medo de viver e de ser vista, sem precisar de mais nada na vida a não ser estar ali, naquele momento, meio que congelada, meio que em loop, dando voltas e voltas de felicidade sobre si mesma - pois este era o motivo de sua existência na consciência dele. E, por que não, na dela?

♪ ...I'll sing of the walls of the well and the house at the top of the hill
I'll sing of the bottles of wine that we left on our old windowsill
I'll sing of the years you will spend getting sadder and older

Oh love, and the cold, the oncoming cold... ♫

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