quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Marejar


Navegando nas águas incertas do seu amor
Tantas vezes sem um cais
Num porto que for.
Irá você um dia ancorar
De vez
Do lado de cá?

Ou serás tu sempre
Como a fugidia torrente?
Que, quando mais se aproxima,
afoga tudo que sente...
Deixando-me à deriva
dias a fio
Como uma amante de marinheiro
esperando seu amado ido.

Meu coração sussurra baixinho -
está arredio
de tanto
marejar.


Lisieux Marc - 28/09/2016 20:11h

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Des-vaneio




Quero andar por ruas nunca dantes vistas
Quero sair de manhã a ver o dia
Quero que o sol nasça a noite e a lua se ponha de dia
Com as montanhas de guia

Quero o repente como rotina
O lugar comum, como mãe já dizia,
é maresia
Quero sair sem mapa, eira nem beira
E desaguar numa cachoeira

Quero rumar para fontes desconhecidas
Donde dos lares exale café quentinho
E da chaminé a lenha fresca
Quero ir onde a vida amanheça

Azul, leve, e nada breve
Quero tudo devagarinho
Caminhar por aí sem tempo
Vivendo o momento

Quero fugir, extra-ordinariar, ir ali
Vagar pelo mundo 
Desvelar terrenos quase não-descobertos

Almejar ao tudo 
- e ao nada - perguntar
O que é correto
é o mesmo que o certo?
Nos satisfaz a concretude 
Ou ela só da consciência soterra
o surreal e o inédito?

Lisieux Marc - 07/04/16 - 05:14h